há uma tarde inteira
em meu abraço
e muitos destinos desatados
o vento desistiria se eu cantasse
ah, que galope desvairado
tem o lento disfarçar
do meu sorriso?
Lilia
Amar é este azul sem nome, esta distância lado a lado, o lume de um olhar, a cor, o vento, um fado...
Azul sem nome
longo destino sob a noite nas pedras de ninguém
quando o rio destoa das vertentes do céu
profundo sob o peso rasgado da chuva
mesmo a certeza desaba além dos homens
longa e lenta a história inscrita nessas mãos
mais vivas do que a luz no impulso do fim
mais ocas do que as trevas à procura do azul
Lilia
domingo, 30 de outubro de 2011
silêncio
na sombra do meu verso dorme um amor inacabado
sem remates sem retoques
nas surpresas suspensas
dorme
como um desejo sem tempo um grito em silêncio ausente
apenso à vida
– de tanto silêncio corrompi poemas
versos rarefeitos cerrados gázeos que não vi
que perfume não senti? quando minhas mãos onde
– lembro?
(desfizeram-se)
dorme
– de silêncio e sombra há um canto no poema
teu
(sem fim será a linha que traçamos sem nós
Lilia
sem remates sem retoques
nas surpresas suspensas
dorme
como um desejo sem tempo um grito em silêncio ausente
apenso à vida
– de tanto silêncio corrompi poemas
versos rarefeitos cerrados gázeos que não vi
que perfume não senti? quando minhas mãos onde
– lembro?
(desfizeram-se)
dorme
– de silêncio e sombra há um canto no poema
teu
(sem fim será a linha que traçamos sem nós
Lilia
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
sanglots longs
belém outonal é minha alma
como as folhas dói sob o peso do céu
e silencia as horas na chuva noturna
mas chorar não mede o tempo
e o chover pode despertar auroras :
apressa-te e estende os sonhos - a chuva está no chão
!
o vento abraça antigas as mangueiras
descabeladamente
sussurra-lhes descanso
ao delize ao desterro
- as raízes resistem -
e seguem maternas
desfolhando o tempo
(quantos perdem seu instante a escutá-las)
?
...
quem sabe de outonos e da dor das folhas
não é a cidade
a alma urge de olhares
sem instante é o verso
e o líquido outono dos meus olhos
Lilia
para a gilda que também
vive a dor das folhas
belém outonal é minha alma
como as folhas dói sob o peso do céu
e silencia as horas na chuva noturna
mas chorar não mede o tempo
e o chover pode despertar auroras :
apressa-te e estende os sonhos - a chuva está no chão
!
o vento abraça antigas as mangueiras
descabeladamente
sussurra-lhes descanso
ao delize ao desterro
- as raízes resistem -
e seguem maternas
desfolhando o tempo
(quantos perdem seu instante a escutá-las)
?
...
quem sabe de outonos e da dor das folhas
não é a cidade
a alma urge de olhares
sem instante é o verso
e o líquido outono dos meus olhos
Lilia
domingo, 25 de setembro de 2011
passado
um cavalo desespera em crina de vento
nas vivas formas de esquivo sonho
(no invisível da aurora destemido
era promessa)
enfim descabelado em crepúsculo
de lágrima faz seu movimento
traça ao longe o rastro sem luz
mas na íris da visão opressa
ofusca ainda o seu fulgor perdido
Lilia
nas vivas formas de esquivo sonho
(no invisível da aurora destemido
era promessa)
enfim descabelado em crepúsculo
de lágrima faz seu movimento
traça ao longe o rastro sem luz
mas na íris da visão opressa
ofusca ainda o seu fulgor perdido
Lilia
domingo, 24 de abril de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
relento
preciso escrever um poema que chore
silenciosamente em mim
como as águas do rio
no rosto rude das calçadas
no inverno em Belém
que sussurre ao seu sonho despertado
como o orvalho evapora ao relento do seu corpo
e como a aurora escolhe as suas cores
e das cinzas o sangue é rubra flor agora
e como a chuva desfolha a sua rosa
preciso escrever um poema que chore
por mim
Lilia
silenciosamente em mim
como as águas do rio
no rosto rude das calçadas
no inverno em Belém
que sussurre ao seu sonho despertado
como o orvalho evapora ao relento do seu corpo
e como a aurora escolhe as suas cores
e das cinzas o sangue é rubra flor agora
e como a chuva desfolha a sua rosa
preciso escrever um poema que chore
por mim
Lilia
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