Azul sem nome


longo destino sob a noite nas pedras de ninguém
quando o rio destoa das vertentes do céu
profundo sob o peso rasgado da chuva

mesmo a certeza desaba além dos homens

longa e lenta a história inscrita nessas mãos
mais vivas do que a luz no impulso do fim
mais ocas do que as trevas à procura do azul

Lilia

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

sanglots longs


para a gilda que também
vive a dor das folhas


belém outonal é minha alma
como as folhas dói sob o peso do céu
e silencia as horas na chuva noturna

mas chorar não mede o tempo
e o chover pode despertar auroras :

apressa-te e estende os sonhos - a chuva está no chão
!

o vento abraça antigas as mangueiras
descabeladamente
sussurra-lhes descanso
ao delize ao desterro

- as raízes resistem -
e seguem maternas
desfolhando o tempo


(quantos perdem seu instante a escutá-las)
?

...

quem sabe de outonos e da dor das folhas
não é a cidade
a alma urge de olhares
sem instante é o verso
e o líquido outono dos meus olhos

Lilia

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