preciso escrever um poema que chore
silenciosamente em mim
como as águas do rio
no rosto rude das calçadas
no inverno em Belém
que sussurre ao seu sonho despertado
como o orvalho evapora ao relento do seu corpo
e como a aurora escolhe as suas cores
e das cinzas o sangue é rubra flor agora
e como a chuva desfolha a sua rosa
preciso escrever um poema que chore
por mim
Lilia