Azul sem nome


longo destino sob a noite nas pedras de ninguém
quando o rio destoa das vertentes do céu
profundo sob o peso rasgado da chuva

mesmo a certeza desaba além dos homens

longa e lenta a história inscrita nessas mãos
mais vivas do que a luz no impulso do fim
mais ocas do que as trevas à procura do azul

Lilia

terça-feira, 22 de março de 2011

relento

preciso escrever um poema que chore
silenciosamente em mim
como as águas do rio
no rosto rude das calçadas
no inverno em Belém

que sussurre ao seu sonho despertado
como o orvalho evapora ao relento do seu corpo
e como a aurora escolhe as suas cores
e das cinzas o sangue é rubra flor agora
e como a chuva desfolha a sua rosa

preciso escrever um poema que chore
por mim

Lilia