Azul sem nome


longo destino sob a noite nas pedras de ninguém
quando o rio destoa das vertentes do céu
profundo sob o peso rasgado da chuva

mesmo a certeza desaba além dos homens

longa e lenta a história inscrita nessas mãos
mais vivas do que a luz no impulso do fim
mais ocas do que as trevas à procura do azul

Lilia

sábado, 2 de janeiro de 2010

cosedora

torna tempestade aberta na saudade
lembrança intensa à calmaria dos tempos
oferta aos dias fartos de meu nome
envia mãe o corte a ser refeito

cose o viés das alvoradas
o vestígio ressereno das preces
o pistilo prato e a desafronta
no corpo a corpo manso das idéias

faze mãe o acabamento das ausências
o retoque do vestido desmanchado de sonho
e junto a nós e mãos e agulhas brandas
remata este sorriso maltalhado pela vida

Lilia

um ensaio de primavera

Para Gilda
um ensaio de primavera
na união esparsa de nossas vontades
ante a noite
aberta em estranhas novas almas
- é a vida entremeada pelas velas
em trânsito no rio iluminado
sombras liam o sopro
de nossas cinzas
ao brasido e leve olhar de anseios novos
Lilia

aurora


Se a luz da tarde é aurora da ideia
abraço resoluta à margem da noite
o arroio fluido do verso
no tremor da tua lembrança a flama em liberdade
de eros reanima os últimos cantos
(ou a fuga desse tema no crepúsculo
na tardia aurora do poema)

Lilia
13/07/2008

baixamar

.

A calma intrépida cintila correntezas
em baixamar
neste corpo de
rio indócil espalmei meandros
distingui venturas incertezas
- lenta voga ao longe a igara

em gesto de poema

Lilia
17/07/2008

longa miséria sob a noite nas pedras de ninguém
quando o rio destoa das vertentes do céu
profundo sob o peso rasgado da chuva

mesmo a certeza desaba além dos homens

longa e lenta a miséria inscrita nessas mãos
mais vivas do que a luz no impulso do fim
mais ocas do que as trevas à procura do azul

Lilia Escrito por eu às 23h38