Azul sem nome


longo destino sob a noite nas pedras de ninguém
quando o rio destoa das vertentes do céu
profundo sob o peso rasgado da chuva

mesmo a certeza desaba além dos homens

longa e lenta a história inscrita nessas mãos
mais vivas do que a luz no impulso do fim
mais ocas do que as trevas à procura do azul

Lilia

terça-feira, 15 de junho de 2010

dois Horizontes I

ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas

e.e.cummings

e chove
tua cidade esconde a serenidade de saber-te ali
ao alcance do meu grito mais suave
entre caminhos de vozes e ventos cuja cor chora
a desistência dos sonhos
e ama
tua chuva cai em meus cabelos como aquelas flores
pintadas nos jardins de Uffizi - enquanto choves
diz ao meu desejo: qual a estação do teu olhar -
ao meu recordo no ciclo entre mim e as nuvens
e lembra
aqui era o sereno feito corpo mais que sentimento
quando os grilos encantavam as águas em outro ermo
- apenas o teu nome sabe a imensa e minha loucura -
e ousa
se ousares abre mais essa janela que o caibro esconde
e voa sobre as palmas - as mãos de chuva nos meus olhos
e acalenta estas palavras como - sempre e nunca -
e esquece
Lilia

Um comentário:

Adriana Gragnani disse...

Não li, ainda. Mas dois horizontes é aquele de um só, um grande afeto, uma grande alegria.
Adriana